“Sobre ser Forasteiro” 29/05/2015

Nos meus, mais de quarenta, anos de vivencia e experiência no Ensino Profissional do Estado de São Paulo, especificamente nas escolas, hoje, do Centro Paula Souza vivi quatro momentos diferentes, três deles como forasteiro. Pretendo apenas, relatar impressões minhas das experiências vividas, nos quatro, com um único objetivo: Comparar comportamentos dos nativos em relação aos forasteiros. O primeiro, onde sou nativo, vivido na Etec de Ribeirão Preto, vou dividir em duas fases. Na primeira, de 1974 até 2000, fui Professor, Coordenador e Diretor de Serviços Administrativo. Foram altos e baixos de momentos vividos, no campo profissional e pessoal. Incertezas marcaram minha passagem lá. Depois de 26 anos na instituição fui demitido, exatamente no dia 11 de outubro de 2000, dia do meu aniversário. Foram 26 anos importantes na construção de minha identidade profissional e vida pessoal. Agradeço muito a pessoa que propiciou minha demissão, cresci muito, saí do comodismo. O que ficou de positivo foram as amizades que construí. As amizades construídas lá foram o bem maior da minha vida, na primeira fase na Etec de Ribeirão. A segunda, vivenciada, como Diretor da Etec de 2004 até 2012, reafirmaram a importância de atuar no ambiente em que você pertence, ser nativo. As amizades construídas antes, na primeira fase, foram consolidadas na segunda. Devo a essas amizades os dois mandatos que exerci. O que ficou de positivo também, na segunda fase, foram as novas amizades, ímpares, que construí e permanecem até hoje. Meus outros três momentos, em Escolas Técnicas foram vividos, como forasteiro, em outras cidades. Os resultados deles expressam o quanto bairrista somos. Não estou generalizando, pessoas de bem que valorizam a capacidade do indivíduo, independente de sua origem, não estão incluídas em minha tese. As amizades que construí como forasteiro permanecem, estou apenas fazendo um comparativo dos quatro momentos. Minha tese comprova que o ser humano é bairrista, nós somos bairristas, basta ser forasteiro para entender. Nas três cidades por onde passei, exercendo as funções de Professor, Coordenador Pedagógico e Diretor, aprendi muito e conheci pessoas de inestimável valor que me apoiaram, prezo e considero até hoje. Mesmo construindo amizades, em ambas, fui excluído. Minha conclusão é óbvia: Não basta ser solidário, colaborativo, eficiente, dedicado e, acima de tudo, humano. Se você não pertence ao meio, se é forasteiro, está fadado a exclusão. Os interesses individuais preterem o coletivo. O bairrismo é a primária explicação e condição das diferenças que encontramos mundo a fora. A exclusão das etnias, raças, cor, religião e política é o maior dos canceres. Infelizmente nos humanos somos assim, adotamos comportamentos próprios de nossa natureza e cultura. Excluímos e somos excluídos, até quando não sei. Entendo, “quando o ser humano deixar de ser adversário de si mesmo, seremos completos” “(aar)”.

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